Resenha - A Garota Que Eu Quero

Livro: A Garota Que Eu Quero

Autor: Markus Zusak.

Nº de paginas: 176

Editora: Intrínseca

O Rube nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com ela. Nem é preciso dizer que Rube e eu não somos muito parecidos em matéria de mulher. Cameron Wolfe é o caçula de três irmãos, e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velhos e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a cada semana está com uma garota nova. Cameron daria tudo para se aproximar de uma garota daquelas, para amá-la e tratá-la bem, e gosta especialmente da mais recente namorada de Rube, Octavia, com suas ideias brilhantes e olhos verde-mar. Cameron e Rube sempre foram leais um com o outro, mas isso é colocado à prova quando Cam se apaixona por Octavia. Mas por que alguém como ela se interessaria por um perdedor como ele? Octavia, porém, sabe que Cameron é mais interessante do que pensa. Talvez ele tenha algo a dizer, e talvez suas palavras mudem tudo: as vitórias, os amores, as derrotas, a família Wolfe e até ele mesmo.

Normalmente, narrativas em primeira pessoa são bastante intimistas e fáceis de causar emoção no leitor. Em A garota que eu quero, Markus Zusak cria consegue ir além desse sentimento, uma vez que, em determinando momento da leitura, fica fácil notar que as memórias de Cameron, o personagem principal, não são apenas dele, mas do próprio Zusak.

Cameron, ou Cam, é um menino introvertido que vive à sombra dos dois irmãos mais velhos, Rube e Steve. Cam se sente menos do que os irmãos. Menos bonito, menos interessante, menos falador, menos inteligente, enfim, menos.

Steve já não mora na casa dos pais, assim Cam anda quase sempre na companhia de Rube, o cara que toda garota olha e gostaria de namorar. E desse comportamento de Rube, vem toda a dor de Cam: impotência de gritar que ele era melhor que o irmão, que ele estava ali, bem ao lado, e não era visto. Ele queria ser notado, queria que as namoradas do irmão, ou qualquer garota, olhassem para ele da mesma forma, ou que simplesmente olhassem para ele. 

Também conseguimos compreender a diferença de sentimentos que meninos e meninas têm do mesmo relacionamento. Na sua maioria, garotas são inclinadas a visões românticas de seus parceiros, enquanto garotos pensam, na maioria do tempo, em sexo.

Mas Cam é diferente. Ele está naquele grupo que deseja muito mais do que sexo. E isso o deixa amargurado, porque as garotas notam apenas Rube, baseadas apenas na aparência e no desejo. E logo a seguir, elas sentem a decepção.

Mesmo assim, Cam respeita e ama Rube. Ele recrimina o comportamento do irmão, mas o aceita mesmo com seus defeitos. Ele não julga e nem condena Rube. E este último, demonstra o quanto se importa com Cam e o quanto quer protegê-lo.

Tudo muda quando Rube começa a namorar Octavia. Cam se apaixona por ela, mas seus sentimentos são sufocados pela sua falta de confiança. Ele sabe que não tem como competir com Rube. Entretanto, quando Octavia termina com Rube e decide conhecer Cam, os momentos de descoberta de ambos pelo que sentem são comoventes e muito bem explorados pelo autor. E é Octavia que, aos poucos, consegue abrir os olhos de Cam para quem realmente ele é. Com isso, o menino consegue quebrar a barreira do silêncio que o afastava dos irmão. De forma diferente com cada um deles, Cam se mostra como realmente é e conquista o respeito e a admiração dos dois. 

A Garota Que Eu Quero é um livro indicado para todos os garotos que ficam no recreio das escolas observando, na timidez, aquela garota que acredita que nunca vai ter a chance de conquistar, porque ao redor dela estão os garotos mais bonitos e populares. Mas eles precisam acreditar que em um relacionamento sincero, a beleza e a popularidade não importam, mas sim atitude. Mostrar como realmente é para a garota que ama, de forma direta, confiante. E essa é a lição que Cam aprende com Octavia.

Por: Carlos H. Barros